No Brasil, em
minha opinião, vivemos uma crise (eterna) de significado. O processo é simples.
O povo, em geral, se sente satisfeito em receber informações mastigadas pelos
meios de comunicação, que, por sua vez, transmitem essas informações
convenientemente aos seus interesses. Por isso, não é anormal que determinadas
palavras cheguem ao povo com um significado parcial ou totalmente diferente do
original.
Atualmente, uma
das palavras da moda (e do caso) é “laico”, que, principalmente com a disputa
entre o deputado Feliciano e o ativismo gay, ganhou o vocabulário da patuleia. Basta
alguém emitir uma opinião baseada em conceitos religiosos e facilmente ouvimos
que o Brasil é laico. Laico? E o que exatamente você entende por laico, cara
pálida?
Normalmente eu
emitiria só minha opinião, mas para que ninguém me ache tendencioso, usarei a
definição dada pelo respeitado constitucionalista Pedro Lenza:
“Laicidade não se confunde com laicismo. Laicidade significa neutralidade religiosa por parte do
Estado. Laicismo, uma atitude de intolerância e hostilidade estatal em relação
à religião. Portanto, a laicidade é a marca da República Federativa do Brasil,
e não o laicismo.”
Além disso,
outra coisa que ninguém se esforça em entender é que por trás de toda religião
existe uma ideologia, e eu te pergunto, há algum partido político, algum
sindicato, ou algum ativista, que não tenha por trás de seus atos e palavras
alguma ideologia? Todos tem pelo menos um ideal, e será impossível separa-los
dele. Marxismo, ambientalismo, sustentabilidade, ou, seja lá o que for, estarão
sempre presentes com seus defensores. Seria justo, e mesmo democrático, separar
um cristão de seus ideais cristãos? Ou um muçulmano de seus ideais islâmicos? Acredito que não.
Ter um estado
laico não tem nada haver com alijar uma pessoa de sua ideologia. Estado laico é
o estado que não se sujeita aos ideais particulares em detrimento do interesse
publico. Que, como afirmou certa vez a ex-senadora Marina Silva, defende os
interesses dos religiosos da mesma forma que defender a dos não religiosos. Isso
é estado laico. Qualquer coisa diferente disso não passa de laicismo, e deve
ser combatido na mesma intensidade que qualquer outro preconceito.
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